quarta-feira, 19 de abril de 2006

minha Expo-Agro ideal

Sexta-feira próxima, 21/04, começa mais uma Exposição Agro-pecuária em Itapetininga.
O evento é um daqueles acontecimentos culturais que costumam dividir as pessoas entre as que gostam e as que detestam, além de também dividir a vida social de Itapetininga em antes e depois da Expo-agro (sim, há aquelas pessoas que vivem esperando a Expo-agro assim como se anseia pelo final de ano).
Eu em geral fico do lado dos que não gostam, embora seja mais um cara que já foi e que provavelmente acabará indo em algum momento da Expo-agro, seja para comprar alguma-coisa-qualquer-que-só-lá-você-encontra, seja só-pra-dar-uma-olhada-e-nào-dizerem-que-eu-sou-fresco.
Mas como sou um cara que pensa sempre no melhor, deixo a seguir minhas sugestões para uma Expo-agro ideal, do tipo que me contentaria muito em ver:

  • a abertura da Expo-agro seria feita pelo Chico Buarque de Holanda e Milton Nascimento, cantando juntos Cio da Terra;
  • o tema oficial da Expo-agro desse ano seria "adubação orgânica";
  • o Sindicato Rural mostraria em seu estande um enorme painel com as seguintes estatísticas: 100% dos trabalhadores rurais trabalhando com carteira assinada, convênio médico e odontológico, piso salarial de 1200 reais, seguro saúde, semana de 30 horas. E mais: 100% dos trabalhadores rurais alfabetizados, sendo que todos os seus filhos estariam matriculados em escolas de boa qualidade.
  • a Casa da Agricultura estamparia com orgulho um imensa faixa com a seguinte frase: "nós só praticamos agricultura ecologicamente correta".
  • a Escola Agrícola faria exposição dos trabalhos de seus alunos sobre agricultura autosustentável, contençào de erosào, aproveitamento da biomassa como combustível, controle de queimadas, adubaçào orgânica e alimentação saudável.
  • os agricultores - todos eles - mostrariam para a população um selo em todos os seus produtos com os seguintes dizeres: "nós não fazemos queimadas".
  • os agricultores também mostrariam o bom tratamento dado a seus trabalhadores, mostrando estatísticas convincentes de que os mesmos possuem seguro desemprego, fundo de garantia, férias etc.
  • os visitantes demonstrariam uma enorme civilidade não jogando lixo pelas passarelas da Expo-agro.
  • os visitantes ficariam bêbados, dançariam e cantariam, mas não brigariam nem matariam ninguém.
  • os visitantes fariam um minuto de silêncio todos os dias em respeito a todas as pessoas mortas em conflitos de terra no Brasil.
  • todos, visitantes e expositores, praticariam durante uma tarde toda, uma sessão coletiva de ioga e mentalizariam uma comunicaçào de alto nível com os demais animais bípedes, quadrúpedes e aquáticos ali presentes.
  • ao nascer do sol, durante a ordenha, os expositores colocariam Mozart e Lizt para as vacas ouvirem.
  • ficaria reservado um lugar limpo, arejado e devidamente discreto para os casais humanos namorarem.
  • o MST teria um estande em lugar priveligiado em que receberia os proprietários de terras e representantes do governo e todos estariam de pleno acordo.
  • por fim: as mulheres saberiam distinguir um boi natural de um boi-de-botas e se interessariam tanto por urbanóide como eu como por qualquer uma outra pessoa, portando ou não chapéu e botas de couro.
  • ah, sim: o encerramento: seria feito pelo Zé Ramalho e Lenine: o primeiro cantaria Admirável Gado Novo e o outro Paciência...
não seria legal?

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Homenagem à "Graúna", do Henfil

No final da década de 1970, eu era apenas um adolescente curioso quando, por acaso, frequentando a banca de jornais da rodoviária de Itapeti...