segunda-feira, 3 de abril de 2006

ladrão que rouba ladrão...

O texto a seguir foi extraído do Boletim Eletrônico do Senador Cristovam Buarque:


O IBOPE Opinião apresentou uma pesquisa inédita sobre o comportamento da sociedade brasileira no que diz respeito à ética na política. O estudo "Corrupção na Política: Eleitor Vítima ou Cúmplice" propõe a reflexão sobre até que ponto os problemas éticos enfrentados pela sociedade brasileira estão de fato concentrados em suas elites e lideranças ou se trata de uma conduta social presente em todas as camadas e grupos de nossa sociedade.
Os resultados são expressivos e confirmam as duas principais hipóteses propostas pelo estudo: 69% dos eleitores brasileiros já transgrediram alguma lei ou descumpriram alguma regra contratual, para obter benefícios materiais, de forma consciente e intencional e 75% acreditam que cometeriam pelo menos um dos 13 atos de corrupção avaliados pelo estudo, caso tivessem a oportunidade.
Para testar a primeira hipótese foram listadas 13 irregularidades do dia-a-dia e os entrevistados responderam se eles próprios já haviam cometido alguma delas, se conheciam alguém que já as praticara e se os brasileiros as praticam. No caso das respostas sobre o próprio entrevistado,
duas práticas apresentam incidências significativamente maiores: "comprar produtos pirata" (55%) e "caixinha ou gorjeta para se livrar de multa" (14%). Por outro lado, ao opinarem sobre as pessoas que conhecem, ainda que esses mesmos dois itens mantenham destaque com 70% e 44% respectivamente, a incidência nos outros sobe de patamar.

As 13 irregularidades avaliadas
1. Quando tem oportunidade, tenta dar uma "caixinha" ou "gorjeta" para se livrar de uma multa
2. Sonega impostos
3. Recebe benefícios do governo, sabendo que não tem direito a eles
4. Adquire documentos falsos ou falsifica documentos para obter algum tipo de vantagem (exemplo: identidade, carteira de motorista, carteirinha de estudante, diploma etc)
5. Quando tem uma oportunidade, pede mais de um recibo por um mesmo procedimento médico para obter mais reembolso do plano de saúde

6. Compra produtos que copiam os originais de marcas famosas sabendo que são
piratas ou falsificados
7. Quando tem uma oportunidade, faz ligação clandestina ou "gato" de TV a cabo, ou seja, aproveita a instalação do vizinho

8. Quando tem uma oportunidade, faz ligação clandestina ou "gato" de água ou luz
9. Se tem chance, pega ou consome produtos em padarias, supermercados ou outros estabelecimentos comerciais sem pagar

10. Apresenta atestados médicos falsos no trabalho ou na escola
11. Se tem seguro de carro ou de qualquer outro tipo, quando tem uma oportunidade, frauda o seguro
12. Compra algo sabendo que é roubado
13. Falsifica atestado de saúde ou apresenta atestado de saúde falsificado para conseguir aposentadoria precoce

Segunda hipótese
Já a segunda hipótese da pesquisa avaliou que a maioria dos eleitores brasileiros tolera algum tipo de corrupção por parte de seus representantes ou governantes eleitos. Neste caso também foram apresentados 13 incidências de corrupção na política e os entrevistados responderam se os políticos e governantes praticam, se os brasileiros praticam e se ele próprio praticaria se tivesse oportunidade.
Os resultados mostram que 59% dos entrevistados aceita a escolha de familiares ou pessoas conhecidas para cargos de confiança e 43% admitem que se aproveitem viagens oficiais para lazer próprio e de familiares.

Os 13 atos de corrupção política analisados:
1. Escolher familiares ou pessoas conhecidas para cargos de confiança
2. Mudar de partido em troca de dinheiro ou cargo/emprego para familiares/pessoas
conhecidas
3. Contratar, sem licitação, empresas de familiares para prestação de serviços públicos
4. Pagar despesas pessoais não autorizadas (como compras no cartão de crédito ou combustível) com dinheiro público
5. Aproveitar viagens oficiais para lazer próprio e de familiares
6. Desviar recursos das áreas de saúde e educação para utilizar em outras áreas
7. Aceitar gratificações ou comissões para escolher uma empresa que prestará serviços ou venderá produtos ao governo
8. Usar "caixa 2" em campanhas eleitorais
9. Superfaturar obras públicas e desviar o dinheiro para a campanha eleitoral do político
10. Superfaturar obras públicas e desviar o dinheiro para o patrimônio pessoal/familiar do político
11. Deputado ou Senador receber dinheiro de empresas privadas para fazer e/ou aprovar leis que as beneficiem
12. O político contratar "funcionários fantasmas", ou seja, pessoas que recebem salários do poder público sem trabalhar e ele ficar com esse dinheiro
13. Trocar o voto a favor do governo por um cargo para familiar ou amigo

Resultados
A partir dos resultados aferidos nessa pesquisa, o IBOPE Opinião incrementa seus serviços relacionados à política. "Essa ferramenta enriquecerá ainda mais nossas análises sobre marketing político e, desta forma, nossos clientes terão resultados cada vez mais precisos e fundamentais para subsidiar suas tomadas de decisões, especialmente em campanhas estaduais e federais, como as deste ano", afirma Silvia Cervellini, Diretora de Atendimento
do IBOPE Opinião.


Sobre a pesquisa
Período: A pesquisa foi realizada entre os dias 12 e 16 de janeiro de 2006.

Amostra: Foram entrevistados 2.002 eleitores em 143 municípios
do Brasil.

Margem de erro: É de dois pontos percentuais, para mais ou para
menos, considerando um grau de confiança de 95%.

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