domingo, 30 de dezembro de 2007

o olho do furacão

O Prefeito no Telescópio


Dia 27 de dezembro de 2007, nos últimos dias do "ano velho", foi a vez do prefeito Roberto Ramalho Tavares aparecer na mídia de Itapetininga, em longa entrevista dada aos jornalistas Guilherme Hungria e Orestes, durante o programa Telescópio.


Isso não poderia deixar de ter sido no Telescópio do Guilherme Hungria - q considero o espaço mais descompromissado, democrático e acolhedor da mídia local.


Foi minha mãe quem ligou avisando: "liga a tv que o teu irmão tá dando entrevista para o Guilherme". Eu estava ainda em plena reforma na casa, os móveis todos fora de lugar, incluindo o rack da tv. Os três pedreiros que estavam trabalhando na colocação do piso na cozinha e na sala, acabaram assistindo parte da entrevista. O Rui chegou bem na hora, e acabamos assistindo juntos, sentados no chão. Claro, não deu para prestar muita atenção á entrevista, em vista do contexto da reforma q descrevi.


Na verdade, acabei assistindo somente as últimas partes, incluindo a pergunta que o Orestes fez ao Roberto, sobre "se ele concordaria ou não com as críticas que o Fausto Ramalho, seu irmão, fez em relação à mídia e seus profissionais de Itapetininga - aliás, essa foi uma das últimas perguntas da entrevista.


Eu, o Rui e os pedreiros fomos pegos de surpresa pela pergunta e acabamos soltando um urra de alegria com a resposta que o Roberto deu, dizendo que os jornalistas tb erram, alguns intencionais, e que ele já foi vítimas de vários erros cometidos por jornalistas. Cauteloso com as palavras, ele não citou nome de nenhum profissional ou veículo de comunicação em particular, mas não deixou de dizer que os profissionais de mídia tb deveriam cultivar o hábito de admitir que ás vezes erram e assumir que seus erros podem causar "danos morais" irreparáveis. Também disse que já foi procurado, em particular, por alguns "jornalistas" que queriam se desculpar e justificar porque tinham publicado matérias, notícias, reportagens ou coisa parecida contra a Prefeitura, contra gestão do Roberto ou mesmo contra a sua pessoa. Curiosamente, o Orestes pareceu não ter ficado satisfeito com a resposta e insistiu na pergunta: "concorda ou discorda", mais algumas vezes, como se aquelas afirmações feitas pelo Roberto não significassem algum nível de concordância com as crticas que venho fazendo aqui.

Talvez seja mania de repórter, esperando alguma resposta bombástica.

Mas, enfim, gostei muito da entrevista. Achei que o Guilherme e o Orestes, no pouco que vi, cada qual no seu estilo, desempenharam bem o papel de entrevistadores.

Aliás, foi visível que a entrevista, bastante longa, acho que de 3 horas, deixou o Roberto cansado ao final - um possível sinal da tensão que deveria estar subjacente ali na situação. Afinal, foi a primeira aparição do Roberto logo após a impugnação do Ricardo Barbará.




a entrevista do Prefeito pelo Correio


O mesmo fato sempre terá mais de uma versão, pois de cada fato toda cabeça sempre há de fazer uma nova sentença, como diz o senso popular. Os repórteres e comunicadores profissionais, embora nem sempre se lembrem disso, não escapam a essa verdade trivial.

Assim, sobre a entrevista do Roberto, o Correio deu a seguinte versão: "Prefeito faz promessas para 2008". O título me surpreendeu, pois isso foi coisa que nem me passou pela cabeça sobre o pouco que vi da entrevista. O que eu vi foi o Roberto se posicionar como o prefeito que é, respondendo as mais variadas perguntas relacionadas à administração da cidade, inclusive algumas perguntas maliciosas ou mal intencionadas, do tipo colocar o "prefeito em xeque", como as q assim me pareceram as feitas por dois telespectadores, por telefone (a entrevista foi ao vivo, detalhe importante!).


Fiquei penasndo: a manchete da matéria até cai bem para o Roberto, pois vai chamar atenção para as questões que ele, enquanto prefeito, está colocando para a cidade. Mas não sei se foi essa a intenção do Correio.
Considerando o momento político de Itapetininga, quando boa parte da mídia local ficou atordoada com a cassação dos seis vereadores e a impugnação política do ex-prefeito Ricardo Barbará e reagiu a isso atacando (sabotando, talvez seja a expressão correta) a gestão do Roberto por todos os flancos, não acho que ele, o Roberto, quisesse usar a entrevista para se propagandear como candidato à reeleição (até porque ele tem outros meios para isso), pois as questões atuais são bem mais urgentes que suas possíveis "promessas" para 2008. Repito, eu não vi o Roberto ali como candidato, mas sim como o prefeito que é, dando conta de suas ações como administrador público de Itapetininga.


aliás,
meus parabéns, Roberto.


Porque vc não critica a Folha de Itapetininga?


Essa pergunta me foi feita por algumas pessoas após a publicação do Correio sobre as minhas críticas à mídia local. Eu respondi: a Folha de Itapetininga não precisa de crítica. Ela é tão clara nos seus objetivos e propósitos que qualquer leitor da Folha de Itapetininga sabe das tendências do jornal. Alliás, é justamente por isso que essas pessoas leem o jornal: para verem suas opiniões reforçadas por ele. A Folha de Itapetininga tem um púbico fiel que é inquestionável.



quando era fácil ganhar dinheiro fazendo política

Até antes da posse do Roberto, a profissão de comunicador de jornal, rádio ou tv em Itapetininga era relativamente simples: bastava propagandear notícias a favor de certos pretensos manda-chuvas locais e falar mal de seus inimigos.

Esses profissionais (falo só de alguns, ok? vc não precisa se incomodar com essa crítica se fosse não for um deles) gravitavam em torno da Prefeitura e da Câmara Municipal, traballhando nesses lugares como "assessores de imprensa" e, ao mesmo tempo, cumulativamente, também trabalhando nas emissoras de rádio, nas tvs e nos jornais da cidade. Imparcialidade, probidade e ética na comunicação eram palavras que parecem não ter fazido parte das preocupações desses "profissionais" (detalhe: muitos deles eram profissionais "na prática" e não de formação universitária).


Era fácil ser "jornalista", "repórter" ou colunista antigamente. Bajular poderosos, falar bem das pessoas certas e falar mal de certas outras, era sinal de garantia de emprego. E o melhor: gravitando em torno do poder e dos poderosos, esses profissionais estavam sempre bem informados sobre os acontecimentos locais e assim podiam facilmente encher (de linguiça) os espaços em branco dos jornais, as imagens de seus programas na tv, além, é claro, de poluir nossos ouvidos com suas palavras nos altofalantes dos rádios.


Logo após a derrota eleitoral do grupo Barbará-Giriboni em 2004, uma boa parte desses profissionais passaram a meter o pau no Roberto descaradamente, sem nenhum constrangimento mesmo. Esse foi o caso do Jornal Cidade de Itapetininga e do programa de notícias do meio dia da Rádio Globo de Itapetininga (acho q ambos extintos), cujo proprietário (ou sócio, sei lá) era o Francisco Janez. A Estação Aurora também deu seus chutes no saco do Roberto, acompanhada por algumas outras emissoras de rádio dizem que clandestinas que acho nem existem mais (e nem lembro eu o nome elas).


Mas esse modo de agir dos profissionais da comunicação, no entanto, logo entrou em crise, pois esse grupo estava acostumado a depender da Prefeitura, da Câmara e de algumas ONGs e eles não estavam mais conseguindo fazer isso satisfatoriamente com o Roberto. Pois ele não só contratou para assessorar a comunicação da Prefeitura uma nova e jovem equipe de profissionais em comunicação (relações públicas, joranlistas e publicitários), quebrando o velho hábito de contratar as "figurinhas carimbadas" da comunicação de Itapê, como também criou o Semanário Oficial do Município de Itapetininga e melhorou bastante o site da Prefeitura.


tempos difíceis para nós


A pauleira das rádios, jornais e tvs de Itapetininga contra a gestão do Roberto, teve uma fase mais cara-de-pau entre outubro de 2004 (quando a Rádio Globo noticiou a falsa notícia que a candidatura do Roberto havia sido impugnada por ele ter dado 3 sacos de cimento para uma família de eleitores) até cerca de março de 2007, quando os seis vereadores de Itapetininga foram cassados e os próprios, por uma questão de cautela própria, decidiram não comparecer mais nas emissoras de rádio e tv e nas páginas de jornais ´

Só aí é que eles deram um pouco de sossego para a cidade.


SEm exagero algum, posso afirmar q, para nós, familiares e amigos do Roberto, esses foram dias terríveis. Esses veículos de comunicação, uns mais, uns menos, talvez até inconsequentemente (para não dizer irresponsavelmente) e infelizmente reforçados pela TVTem, fizeram uma zona política em Itapê, procurando indispor a população contra a autoridade legítima do Prefeito. Quanta situação desagradável tivemos que viver!


Mas, ufa! a verdade acabou prevalencendo, pelo menos nas cabeças mais sensatas, e isso apesar do jogo de manipulação desse tipo de mídia....



alguns

é bom lembrar que as minhas críticas não se dirigem a todos os profissionais e nem a todas as empresas de comunicação de Itapetininga. É só contra alguns, realmente ruins. Os bons não devem se incomodar e espero que continuem fazendo melhor aquilo que já sabem fazer bem.

a carapuça

só veste quem a quiser.

não vou ficar repetindo

Retirei do blog o texto que o Orestes usou para escrever no Correio sobre as críticas que venho fazendo aqui à ALGUNS profissionais e ÀLGUNS veículos de comunicação. O texto ainda ficou aqui no blog uma semana após a publicação da matéria, tempo suficiente, acho eu, para que as pessoas interessadas pudessem ler minhas opiniões "no original", como se diz. Mas ainda deixo registrado aqui alguns outros textos, não menos críticos, sobre o mesmo assunto.

notícias populares

O Correio apelou na sua última edição: "salário de Prefeito é 30 vezes superior ao piso da Prefeitura".

Pela reportagem, ficamos sabendo que o salário do prefeito de Itapetininga é de cerca de 12 mil reais, enquanto que o menor salário pago pela Prefeitura é de cerca de 300 reais.

Realmente, é uma diferença gritante. Mas o que o Correio espera atingir com essa notícia, justamente alguns dias após a entrevista do Roberto no TElescópio, isso eu realmente não sei.

O valor do salário do Prefeito de Itapetininga não é novidade. Esse assunto já foi discutido até a exaustão no Orkut de Itapetininga, lá pelos idos de 2005/2006.

Nessa época, existiam no Orkut de Itapetininga uma série de comunidades, mantidas por pessoas relacionadas ao "mundo político-partidário" de Itapetininga, especializadas em "discutir" política. Na verdade, o grande objetivo dessas comunidades era mesmo detonar o Roberto, chegando mesmo a existir uma comunidade chamada "Fora, Ramalho", outra "Saudades do Barbará" e outras que não recordo o nome agora.

Lembro que um internauta, anônimo por sinal, colocou o tópico sobre a questão do salário do prefeito, mas tema que foi logo abandonado, pois logo os próprios internautas pareceram concordar que 12 mil não é um salário absurdo para o cargo em questão e era o salário equivalente que o Barabará havia recebido durante a sua última gestão.

explicando melhor

eu disse aqui, num outro texto, que nenhum parente nosso trabalha na Prefeitura de Itapetininga. Na verdade, quando escrevi isso, não levei em conta que a Maria Ângela, esposa do meu tio Miguel, irmão da minha mãe, trabalha sim na Prefeitura e que ela está sempre assessorando a esposa do Roberto, a primeira dama, nos trabalhos do Fundo Social da Solidariedade. Para ser mais exato, também devo dizer que a Maria Ângela já era funcionária da Prefeitura quando o Roberto assumiu e já trabalhava justamente no Fundo Social. Não acho que isso signifique nepotismo. Até porque a "tia" Maria Ângela tem méritos inquestionáveis enquanto funcionária a serviço da população mais carente de Itapetininga, reconhecidos até pelos adversários políticos do Roberto. Não é sem razão que ela é tão conhecida e querida: a Maria Ângela é uma pessoa ativa, acolhedora e compromissada com aquilo que faz.

ufa!

acho que demorei duas semanas para conseguir publicar esse texto!

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

popular

eu no Correio
As críticas q venho fazendo no meu blog à alguns veículos de comunicação de Itapetininga viraram notícia do jornal Correio, na sua edição de 22 de dezembro.
A chamada da capa era: "Irmão de prefeito critica imprensa" e, na página quatro,
o título da matéria completa era "Irmão do prefeito critica jornal Correio".
Juro q eu não esperava tanto destaque para essas toscas palavras que escrevo aqui, ou de que elas poderiam dar tanto bá-fá-fá assim.
É claro que sei o poder da internete e dos blogs. Mas sou consciente de que meu público leitor não passa de cerca de 27 amigos, familiares e alguns outros tantos de pessoas curiosas.
Meu blog está muito longe de ser um sucesso de acessos.
Agora, que o Correio fosse transformar isso em notícia, isso eu realmente não esperava.
Mas o fato é que concordei em dar a entrevista para o Orestes, jornalista do jornal, o que acabou acontecendo através de uma conversa por telefone, acho que gravada por ele.
Depois de ler a matéria, realmente me questionei se fiz bem em concordar com a entrevista. Pois a "notícia" virou motivo de todo tipo de interpretação, por parte inclusive da minha mãe, que inclusive fez questão de vir em casa logo de manhã para me perguntar "porque é que eu xinguei o Roberto" (é que o Orestes inseriu na matéria um trecho escrito aqui no meu blog em que eu falo uma coisa desse tipo e q, fora do contexto do meu blog, dá margem para todo tipo de interpretação, negativas, diga-se de passagem.
Nossa! "será que isso é vingança do Correio?", pensei.
Bom, mas depois de tudo explicado para a minha mãe, a paz voltou a reinar aqui em casa e ela ficou tranquila. Eu expliquei a ela que, de qualquer modo, o jornal estava dando importância para aquilo que nõs sempre comentamos ao ver televisão ou ler jornais aos domingos, isto é, de que os veículos de comunicação jogam sujo, algumas vezes.
Nos dias seguintes, fui encontrando pessoas que tb leram a matéria e, puxa, algumas delas disseram q não entenderam muito bem o "espírito" da matéria, poirs, me disseram, "se o jornal diz qe vc critica o tratamento q a mídia dá para o Roberto, porque é que no final da matéria vc acaba "xingando o prefeito"?
Fiquei chateado de novo.
Para evitar maiores problemas, no mesmo dia q li a matéria, telefonei para o Roberto e conversamos a respeito.
Veio o Natal, eu continuei com a reforma aqui da casa (no dia da entrevista, enquanto falava com o Orestes pelo telefone, os pedreiros estavam colocando piso na cozinha), fui encontrando outras pessoas e, ah q bom, finalmente, acabei ouvindo boas opiniões sobre a matéria do Orestes, quero dizer, mais favoráveis às opiniões e críticas desta minha mínima pessoa q vos escreve.
o tempo é o melhor conselheiro
em razão da reforma aqui em casa, fiquei exatamente 7 dias sem internet, coincidindo com a publicação da matéria do Correio. Acabei achando isso ótimo, pois perigava eu escrever alguma coisa de sopetão aqui.
o lado positivo
será que a nossa mídia vai mudar?

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

amigo secreto

compre já
Para alguns milhões de habitantes deste Planeta, genericamente identificados como cristãos, Natal é a data do nascimento do menino Jesus.
Para alguns outros zilhões de habitantes deste mesmo Planeta, o Natal é a noite que se recebe a visita do Papai Noel.
Pontos de vistas bem diferentes, como se pode perceber, cujo único ponto em comum, penso eu, é o fato de que tanto para uns quantos para outros o Natal é motivo para trocar presentes.
De dar e recebê-los.
O comércio explora este costume popular, promovendo, graças a estratégias de publicidade e marketing, verdadeira lavagem emocional nas pessoas, incentivando-as ao consumo em massa.
Não é a toa que se diz que a economia se "aquece" no Natal.
Todo um complexo sistema econômico financeiro se movimenta graças ao Natal, associado á produção e comercialização de mercadorias para presentes, constituida em grande parte por plástico, papel, componentes eletrônicos e químicos (como baterias de celular), cuja distríbuição é feita em grande parte por caminhões movidos a óleo diesel.
Vc consegue imaginar o impacto ambiental disso?
se vc pensar bem
o Natal é um engodo do sistema capitalista para retirar, no final do ano, uma parte do salário que pago ao trabalhador ao longo do ano pelo seu trabalho. Para os assalariados, o sistema até costuma oferecer um abono e um décimo-terceiro, só para aumentar a sua retirada.
dilema
consumir ou economizar
mudando de assunto
Mas para falar da mesma coisa: missa, qual foi a última vez que vc foi?
Pergunto isso porque andei pesquisando coisas sobre Jesus Cristo e acabei descobrindo que a data exata de seu nascimento é considerado ainda um problema em aberto, mesmo pelos mais ferrenhos dos cristãos.

sábado, 1 de dezembro de 2007

Canção sertaneja




versão melhorada:




canção sertaneja

Uma canção sertaneja

é aquela que seja o eterno luar

é um amor é uma feira

é gente querendo estar em outro lugar

é como o dia seguinte

as coisas que a gente quer eternizar

primeiro amor

céu de verão

luzes de um belo olhar

tempo de espera,

de gestação,

vida ,

fecundação

carro de boi

cheiro de chão

mato pra capinar

faz ver na terra

as zonas rurais

sons cores matagais

Uma cançaõ sertaneja é aquela que seja o eterno luar

é um amor é uma feira

é gente querendo estar noutro lugar

é como o dia seguinte

as coisas que a gente quer eternizar

primeiro amor

céu de verão

luzes de um belo olhar

tempo de espera, vida fecundação

carro de boi

cheiro de chão

mato pra capinar

e um lobisomem sempre disposto a nos amedrontar

Uma cançaõ sertaneja é aquela que seja o eterno luar
é um amor é uma feira
é gente querendo estar noutro lugar
é como o dia seguinte
as coisas que a gente quer eternizar
primeiro amor
céu de verão
luzes de um belo olhar
tempo de espera, de gestação, vida, fecundação
carro de boi
cheiro de chão
mato pra capinar
e um lobisomem sempre disposto a nos amedrontar

(intérprete Marialice, No mundo a passeio, 1997, disponível em mp3)

em campanha

Ontem, sexta-feira a noite, 30 de novembro, pelo Telescópio, foi dada a partida para a campanha eleitoral de 2008.
O Telecóspio fez programa histórico com Ricardo Barbará da Costa Lima, ex-prefeito e auto declarado candidato às eleições municipais de 2008.
Nota 10 para o Guilherme Hungria, que, atrás da escrivaninha do novo ambiente de estúdio, conduziu a entrevista de maneira animada, fazendo perguntas chaves ao Ricardo Barbará, tipo aquelas que-todo-mundo-quer-saber.
O que ele está fazendo hoje. Se é mesmo candidato a prefeito nas eleições municipais de 2008 e quem seria seu vice. Como é seu relacionamento atual com os 6 vereadores, com quais deles o senhor ainda mantém relacionamento e com quais subiria junto num palanque de comício. Como o senhor avalia hoje os "erros" a sua campanha para reeleição em 2004 e o que ele acha que ele e sua equipe fez ou fizeram de "errado" para causar a derrota nas urnas. O que ele pensa do fato da Maravilhosa Empresa de Chocolates Conpenhake ter recusado Itapetininga para instalar-se na cidade de Extrema (nome mais apropriado para uma fábrica de Chocolate?). A quanto anda a sua amizade com o deputado Edson Giriboni. E o que que faltou dizer para a população de Itapetininga que ele ainda não disse ou acha que a população não soube entender.
O Ricardo também se comportou muito bem, confirmando ser a pessoa equilibrada que é e só um pouco demagogo (nenhum político consegue ser 100%).
Realmente, um programa histórico. Meus elogios, Guilherme!
Não vou cair na tentação de comentar o conteúdo da entrevista, haja vista a minha posição suspeítíssima na história do que se passou em Itapetininga desde as eleições de 2004.
Só vou tomar a liberdade de lembrar duas metáforas ditas pelo Ricardo : "política não se faz só com anjos, serafins e querubins" e que existe uma política subterrânea tão importante quanto superficial ou algo assim - imagens que me parecem emblemáticas.
Também achei interessante o Ricardo repetir insistindo que só está acaompanhando os acontecimdentos da cidade "pelos jornais", como se fosse um cidadão comum - argumento que não me convenceu. Mas lá ao fim da entevista ele reconhecu, com brio, que sua candidatura está articulada com pessoas de alguns vereadores cassados, "não todos", ele disse.
Questão de fidelidade. Eu entendo.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

tempos difíceis para o Planeta

" As atuais formas globais de produção, consumo e mercado causaram uma destruição massiva do meio ambiente, incluindo o aquecimento global, que está colocando em risco os ecossistemas de nosso planeta e levando as comunidades humanas rumo aos desastres. O aquecimento global mostra o fracasso do modelo de desenvolvimento baseado no consumo de energia fóssil, na superprodução e no livre comércio.

(...)
As mudanças nas estações trazem consigo secas pouco usuais, inundações e tormentas, destruindo terras de cultivo e casas dos camponeses. Ainda mais, as espécies animais e vegetais estão desaparecendo num ritmo sem precedentes.
Os camponeses têm que se adaptar aos novos padrões climáticos, adaptando suas sementes e seus sistemas de produção habituais a uma nova situação, que é imprevisível. As secas e inundações estão conduzindo ao fracasso as colheitas, aumentando o número de pessoas famintas no mundo.
Há estudos que prevêem um decrescimento da produção agrícola global numa escala que varia de 3 a 16% para o ano 2008. Nas regiões tropicais, o aquecimento global conduzirá, muito provavelmente, a um grave declínio da agricultura (mais de 50% em Senegal e mais de 40% em Índia), e à aceleração da desertificação de terras de cultivo. Por outro lado, enormes áreas na Rússia e Canadá se tornarão cultiváveis pela primeira vez na história humana, mas ainda se desconhece como estas regiões poderão ser cultivadas.
A produção e o consumo industrial de alimento estão contribuindo de forma significativa para o aquecimento e a destruição de comunidades rurais. O transporte intercontinental de alimento, a monocultura intensiva, a destruição de terras e bosques e o uso de insumos químicos na agricultura estão transformando a agricultura em consumidor de energia e contribuindo para a mudança climática.
Os camponeses e camponesas de todo o mundo unem suas mãos com outros movimentos sociais, organizações, pessoas e comunidades em defesa de transformações sociais, econômicas e políticas radicais para inverter a tendência atual. Os camponeses, especialmente os pequenos produtores, são os primeiros a sofrer os impactos das mudanças climáticas.

As mudanças nas estações trazem consigo secas pouco usuais, inundações e tormentas, destruindo terras de cultivo e casas dos camponeses. Ainda mais, as espécies animais e vegetais estão desaparecendo num ritmo sem precedentes.

Os camponeses têm que se adaptar aos novos padrões climáticos, adaptando suas sementes e seus sistemas de produção habituais a uma nova situação, que é imprevisível. As secas e inundações estão conduzindo ao fracasso as colheitas, aumentando o número de pessoas famintas no mundo.

Há estudos que prevêem um decrescimento da produção agrícola global numa escala que varia de 3 a 16% para o ano 2008. Nas regiões tropicais, o aquecimento global conduzirá, muito provavelmente, a um grave declínio da agricultura (mais de 50% em Senegal e mais de 40% em Índia), e à aceleração da desertificação de terras de cultivo. Por outro lado, enormes áreas na Rússia e Canadá se tornarão cultiváveis pela primeira vez na história humana, mas ainda se desconhece como estas regiões poderão ser cultivadas.

A produção e o consumo industrial de alimento estão contribuindo de forma significativa para o aquecimento e a destruição de comunidades rurais. O transporte intercontinental de alimento, a monocultura intensiva, a destruição de terras e bosques e o uso de insumos químicos na agricultura estão transformando a agricultura em consumidor de energia e contribuindo para a mudança climática.
Sob as políticas neoliberais impostas pela Organização Mundial do Comercio (OMC), bem como pelo Banco Mundial (BM) e o Fundo Monetário Internacional (FMI), os acordos de livre comércio bilaterais, a comida se produz com pesticidas derivados do petróleo e fertilizantes, e são transportadas para todo o mundo para a sua transformação e consumo.
A Via Campesina, um movimento que reúne milhões de camponeses e produtores de todo o mundo, declara que é tempo de mudar de forma radical a forma de produzir, transformar, comercializar e consumir alimentos e produtos agrícolas. Acreditamos que a agricultura sustentável em pequena escala e o consumo local de alimentos vai inverter a devastação atual e sustentar milhões de famílias camponesas. A agricultura também pode contribuir para o esfriamento da terra utilizando práticas agrícolas que reduzam a emissão de CO2 e o uso de energia por parte dos camponeses.
Por outro lado, os camponeses também podem contribuir na produção de energia renovável, especialmente por meio da energia solar e o biogás. A agricultura globalizada e a agricultura industrializada geram o aquecimento global pelos seguintes pontos:
1) Por transportar alimentos por todo o mundo
Transportam-se alimentos frescos e empacotados por todo o mundo e, atualmente, não é raro encontrar nos Estados Unidos ou na Europa, frutas, verduras, carne e vinho provenientes da África, América do Sul ou Oceania; também encontramos arroz asiático na América ou na África.
Os combustíveis fósseis usados para o transporte de alimento estão liberando toneladas de CO2 para a atmosfera. A organização de camponeses suíços, a UNITERRE, calculou que um quilo de aspargos importados do México necessita 5 litros de petróleo para viajar por via aérea (11.800 quilômetros) até a Suíça. No entanto, um quilo de aspargo produzido em Genebra necessita somente 0,3 litros de petróleo para chegar até o consumidor.
2) Pela imposição de meios industriais de produção (mecanização, intensificação do uso de agro-químicos, monocultivo)

A chamada agricultura moderna, especialmente a monocultura industrial, está destruindo os processos naturais do solo (o que conduz a uma presença de CO2 na matéria) e substitui por processos químicos baseados em fertilizantes e pesticidas.

Por conta, acima de tudo, do uso de fertilizantes químicos, da criação intensiva de gado e da monocultura, se produz um volume significativo de óxido nitroso (NO2), o terceiro gás de efeito invernadeiro com maior efeito sobre o aquecimento global. Na Europa, 40% da energia consumida nas explorações agrárias se deve à produção de fertilizantes nitrogenados.

Por sua vez, a produção agrária industrial consome muito mais energia (e libera mais CO2) para mover seus tratores gigantescos para cultivar a terra e processar a comida.
3) Por destruir a biodiversidade (e sumideiros de carbono)
O ciclo do carbono tem sido parte da estabilidade do clima durante milhões de anos. As empresas do agronegócio destruíram este equilíbrio pela imposição generalizada da agricultura química (com uso massivo de pesticidas e fertilizantes procedentes do petróleo), com a queima de bosques para plantações de monocultivo e destruindo as terras pantanosas e a biodiversidade.
4) Conversão da terra e os bosques em áreas não agrícolas

Bosques, pastagens e terras cultiváveis estão sendo convertidos rapidamente em áreas de produção agrícola industrial, em centros comerciais, complexos industriais, grandes casas e em grandes projetos de infra-estrutura ou em complexos turísticos. Estas mudanças causam a liberação massiva de carbono e reduzem a capacidade do meio ambiente absorver o carbono liberado na atmosfera.
5) Transformação da agricultura de produtora em consumidora de energia

Em termos energéticos, o primeiro papel das plantas e da agricultura é transformar a energia solar na energia contida nos açucares e celuloses que podem ser diretamente absorvidas na comida ou transformadas em produtos de origem animal. Esse processo é natural e gera energia na cadeia alimentar.
Não obstante, a industrialização do processo agrícola nos conduziu, nos últimos\n 200 anos, a uma agricultura que consome energia (usando tratores,\n agro-químicos derivados do petróleo, fertilizantes).
Falsas soluções

Os agrocombustíveis (combustíveis produzidos a partir de plantas e árvores) se apresentaram muitas vezes como uma solução para a atual crise energética. Segundo o protocolo de Kyoto, 20% do consumo global de energia deveriam provir de recursos renováveis até 2020 - e isto inclui os agrocombustíveis.

No entanto, deixando de lado a loucura de produzir comida para alimentar os automóveis enquanto muitos seres humanos estão morrendo de fome, a produção industrial de agrocombustíveis vai aumentar o aquecimento global, em vez de proporcionar a redução.
Em troca de uma pequena mudança ainda não comprovada (com exceção da cana-de-açúcar) de alguns gases de efeito invernadeiro comparado com os combustíveis fósseis, a produção da monocultura de palma, soja, milho ou cana-de-açúcar vai contribuir no desflorestamento e na destruição da biodiversidade. A produção intensiva de agrocombustíveis não é uma solução para o aquecimento global nem resolverá a crise global no setor agrícola.
O comércio de carbono

No protocolo de Kyoto e outros planos internacionais, o “comércio de carbono” tem se apresentado como uma solução para o aquecimento global. É uma privatização do carbono posterior à privatização da terra, ar, sementes, água e outros recursos.
Permite que governos assinem licenças com grandes contaminadores industriais de modo\n que possam comprar o “direito de contaminar” entre eles mesmos. Alguns outros programas fomentam que países industrializados financiem vertedouros baratos de carbono tais como plantações em grande escala no Sul, como uma forma de evitar a redução das suas próprias emissões.
Dessa maneira, estão sendo criadas grandes plantações ou áreas naturais de conservação na Ásia, África e América Latina, expulsando comunidades de suas terras e reduzindo o direito de acesso aos próprios bosques, campos e rios.
Cultivos e árvores transgênicas
Atualmente estão sendo desenvolvidas árvores e cultivos transgênicos para agrocombustíveis. Os organismos geneticamente modificados não resolverão nenhuma crise do meio ambiente sem que os mesmos coloquem em risco o meio ambiente, bem como a saúde e a segurança alimentar. Essas árvores e cultivos transgênicos formam parte da “segunda geração” de agrocombustíveis baseados na celulose, enquanto que a primeira geração se baseia em diferentes formas de açúcar das plantas. Ainda, nos casos nos quais não se usam variedades transgênicas, a “segunda geração” apresenta os mesmos problemas que a geração anterior.
A Soberania Alimentar proporciona meios de subsistência a milhões de pessoas e protege a vida na terra.
A Via Campesina acredita que as soluções para a atual crise têm que surgir de atores sociais organizados, que estão desenvolvendo modelos de produção, comércio e consumo baseados na justiça, na solidariedade e em comunidades saudáveis. Nenhuma solução tecnológica vai resolver o desastre social e do meio ambiente. Somente uma mudança radical na forma como produzimos, comercializamos e consumimos pode dar terras para comunidades rurais e urbanas saudáveis. A agricultura sustentável em pequena escala, um trabalho intensivo e de pouco consumo de energia podem contribuir para o resfriamento da terra:
- Assumindo mais CO2 no solo, de maneira orgânica, através da produção sustentável (a produção extensiva de vacas e ovelhas em pastagens tem um balanço positivo de gás invernadeiro).
- Substituição dos fertilizantes nitrogenados pela agricultura ecológica e ou cultivando proteaginosas que capturam nitrogênio diretamente do ar.
- Produção de biogás de resíduos animais e vegetais, com a condição de manter suficiente matéria orgânica no solo.Em todo o mundo, praticamos e defendemos a agricultura familiar e sustentável e em pequena escala, e exigimos soberania alimentar. A soberania alimentar é o direito das pessoas aos alimentos saudáveis e culturalmente apropriados, produzidos através de métodos sustentáveis e saudáveis, e seu direito a definir seus próprios alimentos e sistemas de agricultura. Colocamos no fundamento dos sistemas e das políticas alimentares as aspirações e necessidades daqueles que produzem, distribuem e consomem alimento, no lugar das demandas dos mercados e das transnacionais.
A soberania alimentar dá prioridade às economias e mercados locais e nacionais, dando poder a camponeses e pequenos agricultores, aos pescadores tradicionais, aos pastores e à produção, distribuição e consumo de alimentos baseados na sustentabilidade ambiental, social e econômica.
Exigimos urgentemente aos encarregados de tomar decisões locais, nacionais e internacionais:
1) O desmantelamento completo das companhias de agrocombustíveis. Estão despojando aos pequenos produtores de suas terras, produzindo lixo e criando desastres ambientais.
2) A substituição da agricultura industrializada pela agricultura sustentável em pequena escala, apoiada por verdadeiros programas de reforma agrária.
3) A promoção de políticas energéticas sensatas e sustentáveis. Isto inclui o consumo de menor energia e a produção de energia solar e biogás pelos camponeses em lugar da promoção em grande escala da produção de agrocombustíveis, como é o caso atual.
4) A implementação de políticas de agricultura e comércio em nível local, nacional e internacional, dando suporte à agricultura sustentável e ao consumo de alimentos locais. Isto inclui a abolição total dos subsídios que levam ao dumping (competição desleal) de comida barata nos mercados de exportação e o dumping de comida barata em mercados nacionais.Pelos meios de subsistência de milhões de pequenos produtores de todo o mundo, pela saúde das pessoas e pela sobrevivência do planeta: exigimos soberania alimentar e nos comprometemos a lutar de forma coletiva para consegui-la. "
VIA CAMPESINA INTERNACIONAL
(Tradução do espanhol: Daniel S. Pereira – São Paulo/SP - in: http://www.mst.org.br/mst/pagina.php?cd=4542)

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

do contra

Minha vocação para ser do contra não tem limites.
Sexta-feira passada estive numa reunião promovida pela Divisão de Florestas e Estações Experimentais do Instituto Florestal do Estado de São Paulo, que reuniu gente graúda - "só diretoria", como costumam dizer os plebeus - que atua na gestão das reservas florestais do nosso Estado. Meu irmão também esteve lá, o secretário municipal do Meio Rural, o diretor da Casa da Agricultura Municipalizada de Itapetininga, além dos diretores das Estações Experimentais e Parques Ecológicos de Angatuba, Porto Ferreira, Avaré, Itararé, Itapeva, Bauru e professores da FAtec de Itapetininga - eu, entre eles.
O tema da reunião foi "ensino e pesquisa: uma parceria possível", cujo objetivo, pelo que entendi, é tornar essa entidade pública - o Instituto Florestal e seu considerável patrimônio ambiental - mais aberto aos estudos e pesquisas promovidas pelas faculdades. Daí a razão do convite à FATEC.
Bom, tudo ia bem até o momento em que fui convidado a me manifestar.
E o que que eu poderia falar? De ecologia, claro - pelo menos era o que eu achava o mais adequado para aquela reunião e aquele público.
E aí que depois de dizer que meu papel na Fatec é promover a formação de profissionais do Agronegócio que tenham uma visão "ecologicamente correta, socialmente justa e economicamente solidária" - meu chavão predileto desde que virei professor da FATEC -, eu acabei falando "mal" do Agronegócio, dizendo que esse termo, em plena era do aquecimento global, de eminente colapso ambiental, é um nome infeliz, pois carrega o peso da atitude capitalista para com a natureza, que transforma tudo em mero produto, comércio e lucro. E disse mais: que o mais adequado, já que não podemos fugir a uma sociedade regulada pelo comércio, é que o termo agronegócio seja trocado por alguma coisa como "agroECOnegócios", um termo que explicita melhor o imperativo ambiental sobre toda prática comercial agrícola.
Depois de falar, observei várias expressões de concordãncia com as minhas opiniões - o que não é de se estranhar, claro, pois acho que não falei nada além do óbvio e do que o bom senso dita.
Mas qual não foi minha surpresa quando uma pessoa dos presentes resolveu fazer uma fala retomando justamente essas minhas afirmações, fazendo uma espécie de censura, dizendo que o termo Agronegócio é sim um termo adequado e q não haveria necessidade de maiores preocupações nem maiores debates sobre o tema pois todo agronegócio hoje já pressupõe o respeito ao meio ambiente, ou pelo menos deveria pressupor.
Uauaauauau. Puxa, eu realmente não estava preparado para uma controvérsia.
Me senti na obrigação em reafirmar minhas idéias, não só por orgulho próprio, mas principalmente por acreditar que a ecologia deve ser o princípio de tudo, inclusive para os propósitos da reunião, que é o estabelecimento de parceria para pesquisa entre faculdade e Instituto Florestal, duas entidades públicas, mantidas pelo Governo do Estado de São Paulo.
Sou um cara educado, que não gosta de polemizar (por incrível que pareça!) .
Acabei dizendo que a questão ambiental é grave sim e que devemos ter cuidado com as palavras que usamos pois elas traduzem nossas concepções e atitudes. E que, se eu estava me referindo a necessidade de adotar uma nova palavra para designar o trabalho dos que vivem da produção e do comércio agrícola, era justamente para defender a necessidade de transformação dessas concepões e atitudes, que já se mostraram bastante negativas, conforme qualquer um pode comprovar bastando observar as mudanças climáticas que ocorrem ao longo de um dia qualquer de nossas vidas.
Acho que a pessoa não prestou muita importância para esse meu argumento (muito tosco, por sinal), e acabou encerrando a discussão contando uma espécie de "anedota", tipo: "quando a gente fala para uma criança do Paraná que vamos cortar uma árvore, ela fica feliz porque sabe que aquela árvore vai virar madeira para a sua carteira escolar ou para a sua cama. Mas aqui em São Paulo quando a gente fala a mesma coisa para uma criança, o que é que ela diz? Diz que vai procurar a Promotoria e denunciar para a imprensa o corte daquela árvore!"
Achei melhor ficar calado, embora constrangido.
Claro, eu é que não quero ser motivo para justificar qualquer desavença entre o Instituto Florestal e a Fatec (vixe, logo eu?!), e por isso achei melhor me dirigir pessoalmente, em reservado, ao final da reunião, para essa pessoa que sinceramente me pareceu ser realmente "do bem", apenas um pouco estressada e disse a ela qualquer coisa como: "olha, não quero que vc pense que sou ingênuo o bastante para tratar a questão ambiental como um mero problema de se cortar ou não uma árvore de calçada. E tb sei que o senhor tb não é ingênuo para acreditar que o agronegócio, tal como é desenvolvido no Brasil e no mundo, seja ele 100% respeitoso com o ambiente, se nem mesmo respeita os direitos trabalhistas dos bóias-frias".
"Ah, sim, é claro, é claro" ele resondeu. "Interpretei errado." Ok, sem problemas, eu respondi.
E assim foi...
E é isso aí. Eu consigo ser do contra até em reunião de diretores de reservas florestais.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

A Hospedaria de Imigrantes "Ilha das Flores"

A Hospedaria de Imigrantes "Ilha das Flores" foi um complexo alojamento construído na Baia da Guanabara, RJ, em algum ano do início do século passado, destinado a receber por tempo determinado os imigrantes europeus e asiáticos que chegavam ao Brasil pelo porto do Rio de Janeiro. A Hospedaria era criação da "Diretoria de Serviço de Povoamento", uma repartição pública do Governo brasileiro responsável pela recepção dos imigrantes europeus e seu encaminhamento para alguma região do Brasil. No documento de onde sairam as fotos que vão neste texto, também é feita referência à doação de terras aos imigrantes europeus, na época chamados colonos, um aspecto bastante significativo se vc lembrar que o Governo brasileiro não agiu com essa mesma generosidade com os povos nativos do Brasil - nossos índios - tendo demorando séculos para reconhecer o seu direito original de propriedade.

Como sou um leigo sobre a história da imigração européia ao Brasil, o que posso acrescentar além disso é bem pouco.


As fotos foram retiradas do Relatório do Serviço de Povoamento de 1908, cujo exemplar me foi apresentado pelo amigo Marco Aurélio Matarazzo Carreira, o Iéio.

Não encontrei lista com os nomes dos imigrantes que estiveram lá hospedados nesse período. Embora o relatório possua inúmeras informações relevantes sobre o movimento dos imigrantes que chegaram ao Brasil em 1908 (como o país de origem, tempo de permanência na Hospedaria, local para onde foram assentados, número de familiares e profissão) o Relatório não registra o nome pessoal nem o familiar dos imigrantes que por lá passaram - e, portanto, o Relatório que estou aqui divulgando, não serve como fonte de pesquisa para localização de pessoas específicas.


Planta descritiva da lha das Flores, onde foi construída a Hospedaria de Imigrantes.



Panorâmica da Ilha das Flores (RJ)



Crianças e jovens imigrantes. Detalhe para o desenho da suástica no canto inferior esquerdo da foto.





Para chegar lá era necessário atravessar a água do mar.





Colonos da Ilha das Flores (RJ).



Prédio principal da Hospedaria dos Imigrantes na Ilha das Flores da Baia da Guanabara (RJ).






Núcleo de povoamento de imigrantes.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

eu pensei nos marginais

Num dia desses, fui parar sem querer em blogs especializados em discos de vinil. Fiquei maravilhado com tanta coisa antiga e muitas outras nem tão antigas assim que estão por aí facilmente disponibilizadas para dowload. Tem música para todo gosto, desgosto e mau gosto - a maioria desconhecida das grandes massas, eu incluso.
E lá fui eu, navegando de link em link, procurando os LPs ("long play") que fizeram minha cabeça na adolescência. E, maravilha das maravilhas, acabei encontrando o "Corra o risco" de Olivía Byington, cujo disco chegou às minhas mãos e ouvidos graças a um amigo de Itapetininga, o Salvador, mais conhecido como Salva (será que ele ainda tem o disco?).





Serviço: para baixar Corra o Risco, vá por aqui.

Brilho Da Noite
A Barca do Sol

Eu andava só por essa estrada,

Com o grito preso na garganta,

Com os olhos rasos na navalha,

Sinto caçar-me como um bicho no fundo dessa sala,

No fundo desse mundo!

Com os olhos rasos na navalha,

Com um arrepio no cabelo,

Com o aço preso na cintura,

Como um pássaro noturno, voando péla escada,

Roendo o som - é o galo!

Ouço os clarins da noite negra,

Acho e capturo o mal da noite,

Paro e me disperso do futuro,

Fico rodando nessa estrada, com o grito na garganta,

Os olhos na navalha!

O aço brilha no escuro!

(3X)Aaaahhh!

Corra O Risco
A Barca do Sol

Nos doces lábios da cigana, você se engana...

É tão difícil ver na frente qual o seu medo...

Durante o dia, se você deita,

Pela janela, o inimigo espreita,

Você estremece, mas fica mudo de horror,

E treme de pavor!

Durante a noite, é diferente - tá tudo escuro!

Se você pensa no futuro, cai no sono!

E no seu sonho, subitamente,

A cama feita, o inimigo espreita,

Você estremece, mas fica mudo de horror,

E treme de pavor!

No outro dia, o mesmo medo, a mesma hora,

A solidão vem desde cedo - e devora!

Não adianta, ela não passa,

Qualquer que seja a reza que você faça,

Porque, no fundo, você não pode suportar,

A hora de arriscar!

Lobo Do Mar
A Barca do Sol

É como,

Se não houvesse solidão,

Talvez como eu costumava fazer anos atrás...

Eles só falam do lobo do mar,

Só cantam, só dançam o lobo do mar,

Aaaahhh!

E também de suas línguas escorre o sumo da estagnação,

Para mim, o saber tranquilo da rejeição...

Oooooohhhh!!

E cospem víboras,

E dançam sangue...

Eles só falam do lobo do mar,

Só cantam vitórias pro lobo do mar,

Pros dentes de aço do lobo do mar,

Aaaaahh!!E cospem víboras,

E dançam sangue...

Eles só falam do lobo do mar,

Só cantam vitórias pro lobo do mar,

Pros dentes de aço do lobo do mar,

Aaaaahh!!Eles só falam do lobo do mar,

Só cantam vitórias pro lobo do mar,

Pros dentes de aço do lobo do mar,Aaaaahh!!

Lady Jane
A Barca do Sol
Composição: Nando Carneiro e Geraldo Carneiro


Lady Jane

Respiro o cheiro dos esgotos no chão

Sob essas catedrais de Babel

Ah, Lady Jane

Eu sinto o gosto dos esgotos no chão

Sob essas catedrais

Sob essa escuridão

Os edifícios tem de cair

Ah, Lady Jane

Toda essa terra vai se consumir

Com os seus mistérios

Como uma fogueira

Vai queimar

Ah, Lady Jane

Eu tive um sonho estranho

De morte

Os Pilares da Cultura
A Barca do Sol

Não puxe a arma,

Não faça drama,

Procure manter a calma,

Nã, não voa!

Não cuspa fora,

Não perca o sono,

Prefira sempre a balada,

Uma gelada!

Não force a barra,

Não gaste a grana,

Evite cair no gôto,

Do esgoto!!

Não abra o frasco,

Não perca sangue,

Refresque seus temores numa Brahma!

Não abra o verbo,

Não queime a cama,

Quero que você esqueça deste inferno!!

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

diploma de parede

Pendurar na parede da sala um diploma de nível superior é o sonho de muita gente.
Afinal, o diploma não apenas significa possibilidade de melhores salários e empregos, como também (o que talvez seja o mais importante para alguns) uma cela especial na cadeia da cidade, caso o cidadão seja preso.
Conheço muita gente honesta que faz sacrifícios diários para conseguir isso: trabalhando durante o dia, viajando à noite em estradas movimentadas e ainda tendo que comer depressa, no intervalo entre aulas, o hamburguer de origem duvidosa de alguma cantina de faculdade.
Tenho vários alunos nessas situações, com os quais me solidarizo.
Estou lembrando disso porque acabo de ler a notícia de que a Faculdade Alves Faria, de Goiás, foi obrigada pela justiça a suspender o "tratamento especial" dadp ao senador Marconi Perillo e sua esposa, Valéria Perillo, matriculados no curso de Direito, que os desobrigava de cumprir a rígida frequência de 75% da carga horária, exigência válida para todos os demais pobres mortais alunos.
A notícia me fez lembrar que já fui testemunha de história parecida ocorrida por aqui mesmo, numa faculdade particular em que já lecionei.
Na época, o diretor e proprietário da faculdade queria agradar a esposa de um certo político, que não tinha diploma de nível superior.
Ofereceu a ela, então, a possibilidade de obter o tão almejado papel bastando apenas matricular-se no curso. E que nem com frequência e provas ela se preocupasse, pois tudo isso seria facilmente forjado na secretaria da faculdade com a devida discrição.
A mulher, considerando-se bastante experta, abraçou logo a oportunidade e assim, quatro anos depois, mais uma insuspeita cidadã passou a figurar nas estatística brasileiras como mais uma daquelas pessoas que possuem o tal nível superior.
O "melhor" (para ela): como prêmio de "formatura", a senhora ainda ganhou um aumento de 10% em seu salário, pois a mesma é funcionária pública.

domingo, 8 de julho de 2007

imagens do cabeçalho (II)



gosto duvidoso


flor de carrapicho

flor de carrapicho


flor de carrapicho


flor de carrapicho




flor de carrapicho


flor de carrapicho

Passagem das horas (III)
Horas atrás


passagem das horas

Passagem das horas (II)

Passagem das horas (I)
("Passagem das horas" é título de um famoso poema de Fernando Pessoa, na assinatura de Alvaro de Campos)

era assim que era

às vezes acontece

sexta-feira, 6 de julho de 2007

meninos, eu vi!

E não é que eu assisti a um show do grupo Raíces de América?
Foi ontem, em Piracicaba - na UNIMEP, mais precisamente.
Eu, Nazaré e suas amigas, Patrícia, Rô e Tati.
Pena que eu não levei a máquina fotográfica, pois os músicos foram extremamente simpáticos, não apenas interagindo com a platéia durante a apresentação, como tb indo ao saguão do auditório após o espetáculo, para conversar com os presentes.
Eu tietei bastante, conversando com alguns dos músicos e até comprando uma bela camiseta pintada pelas mãos do "chico" Pedro.
Confesso que quando Nazaré me convidou para ir ao show, fiquei surpreso. Afinal, eu pensava que o Raíces de América já nem existia mais, talvez aniquilado pelos tum-tum-tuns das músicas comerciais que a mídia brasileira impõe aos nossos delicados ouvidos. Mas, q bom! o grupo continua firme e forte, sobrevivendo à massificação e banalização
Bom, não tirei fotos nem gravei vídeos, mas encontrei no Youtube o vídeo que vai abaixo, cuja música ouvimos ontem lá no auditório da UNIMEP.





Raíces de América interpretando a canção Negra de Colores, de Willy Werdaguer:

sexta-feira, 22 de junho de 2007

O paradoxo da espera do ônibus

O paradoxo da espera do ônibus é um curta metragem sobre o paradoxo da espera, isto é, sobre o fato de quanto mais se espera, menos, paradoxalmente, se tem para esperar. Desenho desanimado de Christian Caselli. Desenhos de Gabriel Renner e narração de Chico Serra. Vídeo isponível na versão brasileira do Youtube.


gosto desse disco inteiro


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Love Song

Pois nasci nunca vi
Amor e ouço d'el sempre falar
Pero sei que me quer matar
mais rogarei a mia senhor
que me mostr' aquel matador
ou que m' ampare d'el melhor

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Metal Contra As Nuvens

Não sou escravo de ninguém
Ninguém senhor do meu domínio
Sei o que devo defender
E por valor eu tenho
E temo o que agora se desfaz
Viajamos sete léguas
Por entre abismos e florestas
Por Deus nunca me vi tão só
É a própria fé o que destrói
Estes são dias desleais
Sou metal - raio, relâmpago e trovão
Sou metal, eu sou o ouro em seu brasão
Sou metal: me sabe o sopro do dragão
Reconheço o meu pesar
Quando tudo é traição
O que venho encontrar
É a virtude em outras mãos
Mas minha terra é a terra que é minha
E sempre será minha terra
Tem a lua, tem estrelas e sempre terá

II Quase acreditei na sua promessa
E o que vejo é fome e destruição
Perdi a minha sela e a minha espada
Perdi o meu castelo e minha princesa
Quase acreditei, quase acreditei
E, por honra, se existir verdade
Existem os tolos e existe o ladrão
E há quem se alimente do que é roubo
Vou guardar o meu tesouro
Caso você esteja mentindo
Olha o sopro do dragão

III É a verdade que assombra
O descaso que condena
A estupidez que o destrói
Eu vejo tudo o que se foi
E o que não existe mais
Tenho os sentidos já dormentes
O corpo quer, a alma entende
Essa é a terra-de-ninguém
E sei que devo resistir -
Eu quero a espada em minhas mãos
Sou metal - raio, relâmpago e trovão
Sou metal, eu sou o ouro em seu brasão
Sou metal: me sabe o sopro do dragão
Não me entrego sem lutar -
Tenho ainda coração
Não aprendi a me render
Que caia o inimigo então

IV - Tudo passa, tudo passará
E nossa história não estará pelo avesso
Assim, sem final feliz
Teremos coisas bonitas para contar
E até lá, vamos viver
Temos muito ainda por fazer
Não olhe para trás -
Apenas começamos
O mundo começa agora -
Apenas começamos

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A Montanha Mágica


Sou meu próprio líder: ando em círculos
Me equilibro entre dias e noites
Minha vida toda espera algo de mim
Meio-sorriso, meia-lua, toda tarde
Minha papoula da India
Minha flor da Tailândia
Es o que tenho de suave
E me fazes tão mal
Ficou logo o que tinha ido embora
Estou só um pouco cansado
Não sei se isto termina logo
Meu joelho dói
E não há nada a fazer agora
Para que servem os anjos ?
A felicidade mora aqui comigo
Até segunda ordem
Um outro agora vive minha vida
Sei o que ele sonha, pensa e sente
Não é coincidência a minha indiferença
Sou uma cópia do que faço
O que temos é o que nos resta
E estamos querendo demais
Minha papoula da India
Minha flor da Tailândia
Es o que tenho de suave
E me fazes tão mal
Existe um descontrole, que corrompe e cresce
Pode até ser, mas estou pronto pra mais uma
O que é que desvirtua e ensina ?
O que fizemos de nossas próprias vidas ?
O mecanismo da amizade,
A matemática dos amantes -
Agora só artesanato:
Os restos são escombros
Mas é claro que não vamos lhe fazer mal
Nem é por isso que estamos aqui
Cada criança com seu próprio canivete
Cada líder com seu próprio .38
Minha papoula da India
Minha flor da Tailândia
Chega - vou mudar a minha vida
Deixa o copo encher até a borda
Que eu quero um dia de sol n'um copo d'água


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O Teatro Dos Vampiros

Sempre precisei de um pouco de atenção
Acho que não sei quem sou
Só sei do que não gosto
E destes dias tão estranhos
Fica a poeira se escondendo pelos cantos
Este é o nosso mundo:
O que é demais nunca é o bastante
E a primeira vez é sempre a última chance
Ninguém vê onde chegamos
Os assassinos estão livres, nós não estamos
Vamos sair - mas não temos mais dinheiro
Os meus amigos todos estão procurando emprego
Voltamos a viver como há dez anos atrás
E a cada hora que passa
Envelhecemos dez semanas
Vamos lá, tudo bem - eu só quero me divertir
Esquecer, dessa noite ter um lugar legal pra ir
Já entregamos o alvo e a artilharia
Comparamos nossas vidas
E esperamos que um dia
Nossas vidas possam se encontrar
Quando me vi tendo de viver comigo apenas
E com o mundo
Você me veio como um sonho bom
E me assustei
Não sou perfeito
Eu não esqueço
A riqueza que nós temos
Ninguém consegue perceber
E de pensar nisso tudo,
Eu, homem feito
Tive medo e não consegui dormir
Comparamos nossas vidas
E mesmo assim, não tenho pena de ninguém

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Sereníssima

Sou um animal sentimental
Me apego facilmente ao que desperta o meu desejo
Tente me obrigar a fazer o que não quero
E você vai logo ver o que acontece
Acho que entendo o que você quis me dizer
Mas existem outras coisas
Consegui meu equilíbrio cortejando a insanidade
Tudo está perdido mas existem possibilidades
Tínhamos a idéia, você mudou os planos
Tínhamos um plano, você mudou de idéia
Já passou, já passou - quem sabe outro dia
Antes eu sonhava, agora já não durmo
Quando foi que competimos pela primeira vez ?
O que ninguém percebe é o que todo mundo sabe
Não entendo terrorismo, falávamos de amizade
Não estou mais interessado no que sinto
Não acredito em nada além do que duvido
Você espera respostas que não tenho
Não vou brigar por causa disso
Até penso duas vezes se você quiser ficar
Minha laranjeira verde, porque está tão prateada ?
Foi da lua desta noite, do sereno da madrugada
Tenho um sorriso bobo, parecido com soluço
Enquanto o caos segue em frente
Com toda a calma do mundo

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Vento No Litoral

De tarde quero descansar, chegar até a praia
Ver se o vento ainda está forte
E vai ser bom subir nas pedras
Sei que faço isso para esquecer
Eu deixo a onda me acertar
E o vento vai levando tudo embora
Agora está tão longe
Vê, a linha do horizonte me distrai:
Dos nossos planos é que tenho mais saudade
Quando olhávamos juntos na mesma direção
Aonde está você agora
Além de aqui dentro de mim ?
Agimos certo sem querer
Foi só o tempo que errou
Vai ser difícil sem você
Porque você está comigo o tempo todo
Quando vejo o mar Existe algo que diz:
- A vida continua e se entregar é uma bobagem
Já que você não está aqui
O que posso fazer é cuidar de mim
Quero ser feliz ao menos
Lembra que o plano era ficarmos bem ?
- Ei, olha só o que achei: cavalos-marinhos
Sei que faço isso para esquecer
Eu deixo a onda me acertar
E o vento vai levando tudo embora


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O Mundo Anda Tão Complicado

Gosto de ver você dormir
Que nem criança com a boca aberta
O telefone chega sexta-feira
Aperta o passo, por causa da garoa
Me empresta um par de meias
A gente chega na sessão das dez
Hoje eu acordo ao meio-dia
Amanhã é a sua vez
Vem cá meu bem, que é bom lhe ver
O mundo anda tão complicado
Que hoje eu quero fazer tudo por você
Temos que consertar o despertador
E separar todas as ferramentas
A mudança grande chegou
Com o fogão e a geladeira e a televisão
Não precisamos dormir no chão
Até que é bom, mas a cama chegou na terça
E na quinta chegou o som
Sempre faço mil coisas ao mesmo tempo
E até que é fácil acostumar-se com o meu jeito
Agora que temos nossa casa
É a chave que sempre esqueço
Vamos chamar nossos amigos
A gente faz uma feijoada
Esquece um pouco do trabalho
E fica de bate-papo
Temos a semana inteira pela frente
Você me conta como foi seu dia
E a gente diz um pro outro:
- Estou com sono, vamos dormir !
Vem cá meu bem, que é bom lhe ver
O mundo anda tão complicado
Que hoje eu quero fazer tudo por você
Quero ouvir uma canção de amor
Que fale da minha situação
De quem deixou a segurança do seu mundo
Por amor
Por amor

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L'âge D'or

L'âge D'or
Aprendi a esperar mas não tenho mais certeza
Agora que estou bem, tão pouca coisa me interessa
Contra minha própria vontade sou teimoso, sincero
E insisto em ter vontade própria
Se a sorte foi um dia alheia ao meu sustento
Não houve harmonia entre ação e pensamento
Qual é o teu nome, qual é o teu signo ?
Teu corpo é gostoso, teu rosto é bonito
Qual é o teu arcano, tua pedra preciosa -
Acho tocante acreditares nisso
Já tentei muitas coisas, de heroína a Jesus
Tudo que já fiz foi por vaidade
Jesus foi traído com um beijo
Davi teve um grande amigo
E não sei mais se é só questão de sorte
Eu vi uma serpente entrando no jardim
Vai ver que é de verdade desta vez
Meu tornozelo coça, por causa de mosquito
Estou com os cabelos molhados, me sinto limpo
Não existe beleza na miséria
E não tem volta por aqui
Vamos tentar outro caminho
Estamos em perigo, só que ainda não entendo
É que tudo faz sentido
E não sei mais se é só questão de sorte
Não sei mais não sei mais não sei mais
Oh, oh Lá vem os jovens gigantes de mármore
Trazendo anzóis na palma da mão
Não é belo todo e qualquer mistério ?
O maior segredo é não haver mistério algum

Homenagem à "Graúna", do Henfil

No final da década de 1970, eu era apenas um adolescente curioso quando, por acaso, frequentando a banca de jornais da rodoviária de Itapeti...