segunda-feira, 8 de maio de 2006

dá pra repetir? (3)

O período de provas do primeiro bimestre terminou. E eu, depois de exatamente uma semana após a realização da última prova, consegui finalmente entregar todas elas corrigidas. Fiz a minha parte. Os alunos fizeram a deles. Cumprimos com nossa obrigação burocrática. Nada mais, nada menos.
Eu não acredito na maneira como as provas são realizadas. Mas, enfim, sou um voz pequena no meio de tanta gente que acredita que as coisas sempre foram assim e que serão assim até o fim dos dias. Amém.
Eu até me esforço para que as provas de meus alunos ocorram da melhor maneira possível, mas a força maior é para que elas sejam mesmo meramente burocrática.
Enfim...
Os alunos percebem a superficialidade das provas. Eles têm dificuldades em explicitar isso, mas que percebem, percebem. A maneira como respondem a isso é bem simples: fazem as provas com um tremendo pouco caso, no geral (há excessões!). Não se preocupam com a estética nem muito menos com a coerência de suas respostas. Frequentemente, a caligrafia é apressada, atravessando linhas e margens sem pudor algum. Muitas vezes, dão a prova por encerrada em menos de 30 minutos! É a maneira que eles têm de demonstrar o profundo desprezo pelo ensino superficialista que nós mesmos lhes proporcionamos!
Mea culpa! mea culpa!!
E tem também a questão da nota. Dar zero, nem pensar! E olha que, estritamente falando, a maioria das provas não dizem nada com nada e, portanto, estritamente falando mesmo, um zero até que lhes cairia bem.
Mas a questão é mais complexa, porque a nota escolar é um fenômeno social e dar zero ou mesmo um 4 ou 5, chega a ser humilhante para os alunos, que se envergonham disso com os demais colegas e familiares.
E não é isso o que eu quero. Eu quero que aprendam, se desenvolvam, gostem dos conteúdos que eu também aprendi a gostar, dominem teorias, aperfeiçoem o vocabulário, cultivem livros como se cultivam peixes nos aquários.
Bom, mas enquanto isso não se realiza plenamente, dá pra gente se divertir com algumas explicações estapafúrdias que a gente costuma encontrar nas provas. Aí vão alguns exemplos retirados da prova de Metodologia Científica deste bimestre:

Sobre o conhecimento humano:
"Desde seu ponto de vista de início do indivíduuo ao nascimento, se interage na sociedade de uma certa forma tendo que conviver com o uso de uma determinada forma de língua comum símbolisa pessoas, ações, sentimentos e relações humanas, com suas normas próprias para ser constituída.
Sobre o que é senso comum:

"Uma forma do solucionar os problemas da vida cotidiana, de uma maneira rápida e
explicativa sem profundas teorias exatas dos indivíduos qu se mantêm ligados à
apreensão sensível dos fenômenos."

Sobre o que é mito:
"O mito não só se deu origem do mundo, dos animais, das plantas e do homem, como
também significou no que o homem é hoje, um ser humano obrigado a trabalhar e a
conviver de acordo com regras propostas perante à sociedade."
Sobre.. ah, sei lá!

"O homem em sua primeira impressão perante a realidade não é exato, mas com
relações com a natureza e outros indivíduos, para demonstrar o seu caráter
derivado da reflexão filosófica."

3 comentários:

  1. É... eu também pensei que vc não ia postar NADA no blog hoje...
    _________________________________
    AHAHAHAHA, que droga esses textos dos seus alunos, heim? Estão piores do que nós no ano passado, rsrssssssssss!!
    Que pérolas!!!

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  2. como é que vc conseguiu por sua foto aí?
    isso eu ainda não sei fazer...

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  3. AHAHAHA, vc mudou o post, Fausto... sabia que ia fazer isso pra não chatear seus alunos, rsrs!

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Homenagem à "Graúna", do Henfil

No final da década de 1970, eu era apenas um adolescente curioso quando, por acaso, frequentando a banca de jornais da rodoviária de Itapeti...