Sei que você agora dorme em outra cidade.
As crianças estão longe, na casa dos avós.
Você sonha com os ruídos do condomínio, depois de ter ficado horas fumando e ouvindo o vento frio de julho.
Você está só.
Eu ainda nem a conheço e sou apenas um pensamento que repousa sobre os campos e as estradas, dentro de um ônibus.
Você nem sabe, mas eu venho cansado e cheio de sonhos, carregando livros e alguns cigarros.
Você também ainda não me conhece.
Você acorda no seu apartamento e observa que o frio não foi embora.
Você arruma sua bolsa, pensa no dinheiro, nas crianças e no banco em greve.
Eu já estou em outra cidade, com preguiça e sem vontade de acordar.
O dia vem como um desafio, mas sabemos que será só tédio.
E depois desse dia virá outro e mais outro, como uma roda impossível de não girar.
Eu percorro os corredores e salas das escolas.
Falo, explico, ouço, pergunto, leio, respondo.
Sou um professor e vou de ônibus para a escola.
Você trabalha no banco, está sempre fazendo hora extra e diz que tudo isso é injusto e sempre será.
sexta-feira, 7 de novembro de 2008
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