quinta-feira, 26 de junho de 2008

quinta-feira

Caetano Veloso - Força estranha





Eu vi um menino correndo
Eu vi o tempo
Brincando ao redor
Do caminho daquele menino...

Eu pus os meus pés no riacho
E acho que nunca os tirei
O sol ainda brilha na estrada
E eu nunca passei...

Eu vi a mulher preparando
Outra pessoa
O tempo parou prá eu olhar
Para aquela barriga
A vida é amiga da arte
É a parte que o sol me ensinou
O sol que atravessa essa estrada
Que nunca passou...

Por isso uma força
Me leva a cantar
Por isso essa força
Estranha no ar
Por isso é que eu canto
Não posso parar
Por isso essa voz tamanha...

Eu vi muitos cabelos brancos
Na fonte do artista
O tempo não pára e no entanto
Ele nunca envelhece...

Aquele que conhece o jogo
Do fogo das coisas que são
É o sol, é o tempo, é a estrada
É o pé e é o chão...

Eu vi muitos homens brigando
Ouvi seus gritos
Estive no fundo de cada
Vontade encoberta
E a coisa mais certa
De todas as coisas
Não vale um caminho sob o sol
E o sol sobre a estrada
É o sol sobre a estrada
É o sol...

Por isso uma força
Me leva a cantar
Por isso essa força
Estranha no ar
Por isso é que eu canto
Não posso parar
Por isso essa voz, essa voz
Tamanha...(

quinta-feira, 12 de junho de 2008

coisinhas que voam e outras que correm


O avião sob o céu da cidade.


Ai de nós se ele cair!
* * *
Os dentes de leão do meu quintal.


Vistos de cima.


Vistos contra o céu.
Alguns botões caem ao chão.
Os dentes do botão também voam.

O botão fica pelado.

Esse ficou por último.




* * *


Essa aí de cima não voa, não flutua, nem cai do céu.
Mas não fique parado na frente dela porque ela corre pra caramba e pula em vc!

terça-feira, 10 de junho de 2008

sienta la cabeza

A notícia chegou agora por email, enviada pela querida Anica, Ana Maria Trindade, que há muchos anos não vejo. Rosângela, que aparece aí embaixo segurando concentrada o pincel de maquiagem, voltará ao Brasil por esses dias, trazendo o seu grupo de "peluqueria" para uma turnê pelo Estado de São Paulo.


O espetáculo se chama Sienta la cabeza


Detalhe importante: a turnê inclui uma apresentação em Assis pelos 50 anos da conhecidissima Faculdade da UNESP de Assis.


(onde tudo começou para nós...)


Um pedido no ar: porque o SESI de Itapetininga não aproveita a ocasião e convida o grupo para se apresentar aqui também???






Sienta la cabeza - turnê paulista




19 / 20 / 21 de Junho - Festival Internacional de Londrina

Horario 12:00 a 15:00 horas

24 - Comemoraçao dos 50 Anos da UNESP Assis

19:00 a 22:00 - Praça no Centro da Cidade


25 - Sesc Presidente Prudente

16:00 a 19:00 horas

27 - Praça da Republica - organizado pelo Sesc Carmo

12:00 a 15:00 horas


28 - Sesc Pompeia

18:00 a 21:00 horas


29 - Sesc Pinheiros

14:00 a 17:00 horas



Valeu, Ana!!
Venha logo, Rô!!!

sábado, 7 de junho de 2008

anjo vadio

Anjo Vadio

no meu lado delirante
tem sempre um anjo vadio
andando de trás prá diante
bêbado feito uma porta
proclamando aos sete ventos
que o mundo não tem saída
dizendo que não suporta essa vida

no meu lado burocrata
tem sempre um pobre diabo
de paletó e gravata
em pleno verão carioca
que as vezes perde a cabeça
e canta choroso e terno
quero que você me aqueça nesse inverno

no meu lado delinqüente
tem sempre um tipo valente
que tem olhar muito louco
e desafia o futuro
que ama o cheiro da rua
costuma andar na avenida
no lado escuro onde a vida continua


Composição: Olivia Byington / Geraldo Carneiro
"meu amor por você é uma idéia
que eu tive ao deslizar os pés na areia do Leblon"

terça-feira, 3 de junho de 2008

não cabem

Iguape, cidade colonial.

Asfalto da estrada para Icapara (mais 18 km de terra...), distrito de Iguape.

O céu maior que a cidade (Itapetininga).


Cabeça de negro em argila queimada. A mão é do Iéio.



Portão que esqueceram aberto. Em algum sítio de Itapetininga.


A Lua sobre as nuvens e sobre o meu telhado.



Cheirando para conhecer.


Lambendo para gostar (ou não).


Roubei sua foto. Ou terá sido ela que me capturou?
Com seu cheiro de terra e de roupa molhada, conduziu-me às manhãs agitadas pelo trabalho de cuidar. Janelas abertas, vassouras, torneiras, fogão.
A água anil na bacia e as roupas estendidas na corda suspensa por varas de bambu.
A poeira contra o sol e o cheiro de feijão. O rádio ligado. Mãos.
As tardes eram mornas e silenciosas.
Cheiravam à cera vermelha, a pão, fruta e café. Casa limpa, janelas fechadas. Dentro.
Fora, o lidar de criança. Parreira de uva. Galinhas ciscando soltas. O chão de tijolo aquecido pelo sol e, nos vãos, o mato. Encosto o rosto no chão, que me afaga. Intimidade com a vida e com a terra. Jardins profusos, misturados, coleções desorganizadas de cores e perfumes. Sopro a flor e acompanho, feliz, aquelas nuvenzinhas que voam.
(roubeu seu texto, Nazaré)
Botões de dente de leão.




Homenagem à "Graúna", do Henfil

No final da década de 1970, eu era apenas um adolescente curioso quando, por acaso, frequentando a banca de jornais da rodoviária de Itapeti...