quinta-feira, 25 de outubro de 2007

eu pensei nos marginais

Num dia desses, fui parar sem querer em blogs especializados em discos de vinil. Fiquei maravilhado com tanta coisa antiga e muitas outras nem tão antigas assim que estão por aí facilmente disponibilizadas para dowload. Tem música para todo gosto, desgosto e mau gosto - a maioria desconhecida das grandes massas, eu incluso.
E lá fui eu, navegando de link em link, procurando os LPs ("long play") que fizeram minha cabeça na adolescência. E, maravilha das maravilhas, acabei encontrando o "Corra o risco" de Olivía Byington, cujo disco chegou às minhas mãos e ouvidos graças a um amigo de Itapetininga, o Salvador, mais conhecido como Salva (será que ele ainda tem o disco?).





Serviço: para baixar Corra o Risco, vá por aqui.

Brilho Da Noite
A Barca do Sol

Eu andava só por essa estrada,

Com o grito preso na garganta,

Com os olhos rasos na navalha,

Sinto caçar-me como um bicho no fundo dessa sala,

No fundo desse mundo!

Com os olhos rasos na navalha,

Com um arrepio no cabelo,

Com o aço preso na cintura,

Como um pássaro noturno, voando péla escada,

Roendo o som - é o galo!

Ouço os clarins da noite negra,

Acho e capturo o mal da noite,

Paro e me disperso do futuro,

Fico rodando nessa estrada, com o grito na garganta,

Os olhos na navalha!

O aço brilha no escuro!

(3X)Aaaahhh!

Corra O Risco
A Barca do Sol

Nos doces lábios da cigana, você se engana...

É tão difícil ver na frente qual o seu medo...

Durante o dia, se você deita,

Pela janela, o inimigo espreita,

Você estremece, mas fica mudo de horror,

E treme de pavor!

Durante a noite, é diferente - tá tudo escuro!

Se você pensa no futuro, cai no sono!

E no seu sonho, subitamente,

A cama feita, o inimigo espreita,

Você estremece, mas fica mudo de horror,

E treme de pavor!

No outro dia, o mesmo medo, a mesma hora,

A solidão vem desde cedo - e devora!

Não adianta, ela não passa,

Qualquer que seja a reza que você faça,

Porque, no fundo, você não pode suportar,

A hora de arriscar!

Lobo Do Mar
A Barca do Sol

É como,

Se não houvesse solidão,

Talvez como eu costumava fazer anos atrás...

Eles só falam do lobo do mar,

Só cantam, só dançam o lobo do mar,

Aaaahhh!

E também de suas línguas escorre o sumo da estagnação,

Para mim, o saber tranquilo da rejeição...

Oooooohhhh!!

E cospem víboras,

E dançam sangue...

Eles só falam do lobo do mar,

Só cantam vitórias pro lobo do mar,

Pros dentes de aço do lobo do mar,

Aaaaahh!!E cospem víboras,

E dançam sangue...

Eles só falam do lobo do mar,

Só cantam vitórias pro lobo do mar,

Pros dentes de aço do lobo do mar,

Aaaaahh!!Eles só falam do lobo do mar,

Só cantam vitórias pro lobo do mar,

Pros dentes de aço do lobo do mar,Aaaaahh!!

Lady Jane
A Barca do Sol
Composição: Nando Carneiro e Geraldo Carneiro


Lady Jane

Respiro o cheiro dos esgotos no chão

Sob essas catedrais de Babel

Ah, Lady Jane

Eu sinto o gosto dos esgotos no chão

Sob essas catedrais

Sob essa escuridão

Os edifícios tem de cair

Ah, Lady Jane

Toda essa terra vai se consumir

Com os seus mistérios

Como uma fogueira

Vai queimar

Ah, Lady Jane

Eu tive um sonho estranho

De morte

Os Pilares da Cultura
A Barca do Sol

Não puxe a arma,

Não faça drama,

Procure manter a calma,

Nã, não voa!

Não cuspa fora,

Não perca o sono,

Prefira sempre a balada,

Uma gelada!

Não force a barra,

Não gaste a grana,

Evite cair no gôto,

Do esgoto!!

Não abra o frasco,

Não perca sangue,

Refresque seus temores numa Brahma!

Não abra o verbo,

Não queime a cama,

Quero que você esqueça deste inferno!!

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

diploma de parede

Pendurar na parede da sala um diploma de nível superior é o sonho de muita gente.
Afinal, o diploma não apenas significa possibilidade de melhores salários e empregos, como também (o que talvez seja o mais importante para alguns) uma cela especial na cadeia da cidade, caso o cidadão seja preso.
Conheço muita gente honesta que faz sacrifícios diários para conseguir isso: trabalhando durante o dia, viajando à noite em estradas movimentadas e ainda tendo que comer depressa, no intervalo entre aulas, o hamburguer de origem duvidosa de alguma cantina de faculdade.
Tenho vários alunos nessas situações, com os quais me solidarizo.
Estou lembrando disso porque acabo de ler a notícia de que a Faculdade Alves Faria, de Goiás, foi obrigada pela justiça a suspender o "tratamento especial" dadp ao senador Marconi Perillo e sua esposa, Valéria Perillo, matriculados no curso de Direito, que os desobrigava de cumprir a rígida frequência de 75% da carga horária, exigência válida para todos os demais pobres mortais alunos.
A notícia me fez lembrar que já fui testemunha de história parecida ocorrida por aqui mesmo, numa faculdade particular em que já lecionei.
Na época, o diretor e proprietário da faculdade queria agradar a esposa de um certo político, que não tinha diploma de nível superior.
Ofereceu a ela, então, a possibilidade de obter o tão almejado papel bastando apenas matricular-se no curso. E que nem com frequência e provas ela se preocupasse, pois tudo isso seria facilmente forjado na secretaria da faculdade com a devida discrição.
A mulher, considerando-se bastante experta, abraçou logo a oportunidade e assim, quatro anos depois, mais uma insuspeita cidadã passou a figurar nas estatística brasileiras como mais uma daquelas pessoas que possuem o tal nível superior.
O "melhor" (para ela): como prêmio de "formatura", a senhora ainda ganhou um aumento de 10% em seu salário, pois a mesma é funcionária pública.

Homenagem à "Graúna", do Henfil

No final da década de 1970, eu era apenas um adolescente curioso quando, por acaso, frequentando a banca de jornais da rodoviária de Itapeti...